Cena para encenação do dia dos Pais – Capítulo DeMolay de
Ubá


Tempos
depois Ricardo já se mostra um rapaz bonito. Era impressionante para João Romão
como que o filho ficava cada vez mais parecido com a mãe. O mais espantoso é
que mesmo sem a ter conhecido Ricardo tinha até as mesmas manias que a ela. Sim,
aqueles dois eram verdadeiros amigos. Falavam sobre tudo e quanto mais
conversavam, mais sentiam o prazer de estarem conversando juntos.
No
ano em que Ricardo entrou para a faculdade e deu o primeiro passo para a
carreira de Advogado, pai e filho tiveram outra surpresa. João Romão descobriu
que possuía uma doença degenerativa e que não haveria ao certo hora de partir.
E mais uma vez, na vida daquele homem, o destino brincava com suas emoções. No
meio da felicidade no sonho do filho a tristeza de uma doença que colocaria fim
naquela amizade.

Nunca
se viu aquele jovem tão desesperado! Não podia acreditar no que saia da boca
dos médicos. Não queria ser medicado, preferiu estar lúcido para poder
acompanhar o pai até o final aonde tudo acabaria de fato.
Já era de
madrugada quando o Padre chegou à capela onde o pai de Ricardo estava sendo
velado. Assim como todos aqueles poucos que foram prestar suas últimas
homenagens àquele homem, o Padre reparou na sala onde estava o caixão, ele
esperou que a capela esvaziar-se um pouco e chamou Ricardo para conversarem em
particular:
- Meu jovem... Tenho o costume de visitar a
capela todas as noites para trazer uma mensagem de conforto àqueles que estão
abalados pela dor da perda. Hoje não poderia ser diferente. Entretanto, notei
algo muito diferente. Mesmo em famílias carentes estou acostumado de ver a
capela toda decorada. Mas veja em volta. Nem mesmo uma coroa de flores, nem há
decorações de flores no caixão. O que houve?
Ricardo Então Responde: - Sr. Padre, de fato não há nenhuma flor. Eu prefiro
assim. Meu pai foi tão especial, tão meu amigo... Foi o meu tudo, que todas as
flores que eu podia dar a ele, eu as dei quando ele podia
me retribuir com um sorriso e um abraço. Padre, todo perfume e delicadeza das
flores eu dei para o meu pai enquanto ele estava vivo!

Daquele dia em diante, Ricardo seguiu sua vida. Sentia-se
menos completo, mas ia adiante. Nada poderia suprir a falta do seu pai. Mas ele
tinha uma certeza e nela ele se mantem até nos dias de hoje. Dizia ele: “A
única maneira que eu tenho para agradecer meu pai é sendo para o meu filho todo
o que o Sr. João Romão foi para mim”.
Texto de Guilherme Lopes de
Carvalho.