12 de agosto de 2012

Feliz Dia dos Pais !


Cena para encenação do dia dos Pais Capítulo DeMolay de Ubá

No ano de 1988, em uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, uma jovem mulher passava por um grande sofrimento sobre o leito de um hospital. A pouca idade, junto com a chegada prematura de seu filho, colocava sua vida em risco. Aquele tormento para a equipe médica durou a noite toda e no início da manhã a triste notícia de que a mãe não havia suportado as dores do parto e que daquele momento em diante passaria a cuidar do filho na presença do Pai Celestial. Uma mistura de tristeza profunda e alegria contagiante tomou conta daquele homem, que em sua simplicidade só tinha a companhia da esposa que partiu cedo de mais. Naquele turbilhão de emoções, os médicos levaram aquele pai até a incubadora onde o filho inocente dormia como um anjo no meio de tantos fios e tubos. João Romão decidiu, em meio às lágrimas, que seria o melhor pai do mundo e que Ricardo receberia uma educação exemplar, da mesma forma que sua mãe sonhou que seria se ela ainda estivesse viva.
                Os anos se passaram e Ricardo tornava-se uma criança fantástica. A falta da mãe era suprida pelo imenso amor descarregado pelo pai. Juntos passavam horas e horas lapidando uma relação de carinho, respeito e admiração. Os meses de Maio eram os mais difíceis, na escolinha, Ricardo se sentia desconfortável para fazer os trabalhinhos do dia das Mães. Mas João Romão, com toda sua sensibilidade,recebia aquelas lembrancinhas como se fossem joias raras e dignas de coleção. Em Agosto era tudo diferente! As professoras se surpreendiam com a beleza dos trabalhos de Ricardo. Só mesmo um amor incondicional entre pai e filho era capaz de explicar aquela dedicação para homenagear um homem tão bom quanto o pai daquele garoto.
                Tempos depois Ricardo já se mostra um rapaz bonito. Era impressionante para João Romão como que o filho ficava cada vez mais parecido com a mãe. O mais espantoso é que mesmo sem a ter conhecido Ricardo tinha até as mesmas manias que a ela. Sim, aqueles dois eram verdadeiros amigos. Falavam sobre tudo e quanto mais conversavam, mais sentiam o prazer de estarem conversando juntos.
                No ano em que Ricardo entrou para a faculdade e deu o primeiro passo para a carreira de Advogado, pai e filho tiveram outra surpresa. João Romão descobriu que possuía uma doença degenerativa e que não haveria ao certo hora de partir. E mais uma vez, na vida daquele homem, o destino brincava com suas emoções. No meio da felicidade no sonho do filho a tristeza de uma doença que colocaria fim naquela amizade.
                Dois anos depois eles já acreditavam que os médicos erraram no diagnóstico, João Romão estava firme e alegre pelo sucesso crescente de Ricardo. As longas conversas já não eram as mesmas, inverteram-se os papeis. Agora era João Romão quem se admirava com a inteligência do filho. Certa tarde, em uma dessas conversas aconteceu o pior. João Romão foi levado às pressas para o hospital e de lá nunca mais retornou pra casa.
                Nunca se viu aquele jovem tão desesperado! Não podia acreditar no que saia da boca dos médicos. Não queria ser medicado, preferiu estar lúcido para poder acompanhar o pai até o final aonde tudo acabaria de fato.
Já era de madrugada quando o Padre chegou à capela onde o pai de Ricardo estava sendo velado. Assim como todos aqueles poucos que foram prestar suas últimas homenagens àquele homem, o Padre reparou na sala onde estava o caixão, ele esperou que a capela esvaziar-se um pouco e chamou Ricardo para conversarem em particular:
- Meu jovem... Tenho o costume de visitar a capela todas as noites para trazer uma mensagem de conforto àqueles que estão abalados pela dor da perda. Hoje não poderia ser diferente. Entretanto, notei algo muito diferente. Mesmo em famílias carentes estou acostumado de ver a capela toda decorada. Mas veja em volta. Nem mesmo uma coroa de flores, nem há decorações de flores no caixão. O que houve?
Ricardo Então Responde: - Sr. Padre, de fato não há nenhuma flor. Eu prefiro assim. Meu pai foi tão especial, tão meu amigo... Foi o meu tudo, que todas as flores que eu podia dar a ele, eu as dei quando ele podia me retribuir com um sorriso e um abraço. Padre, todo perfume e delicadeza das flores eu dei para o meu pai enquanto ele estava vivo!
Nisso, o Padre Emocionado diz: Meu filho... Que bonito! Confesso que estou desconcertado. Perdoe este pobre homem que só agora pode entender o que significa o amor filial. Mas tenha a certeza de que terei somente amor no coração para rezar por seu pai e onde ele estiver, estará cercado por flores que nunca perderão o aroma e nem a beleza.

Daquele dia em diante, Ricardo seguiu sua vida. Sentia-se menos completo, mas ia adiante. Nada poderia suprir a falta do seu pai. Mas ele tinha uma certeza e nela ele se mantem até nos dias de hoje. Dizia ele: “A única maneira que eu tenho para agradecer meu pai é sendo para o meu filho todo o que o Sr. João Romão foi para mim”.

Texto de Guilherme Lopes de Carvalho.

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